Neste sábado (13/08), o filme português “Nação Valente”, do luso-angolano Carlos Conceição conquistou a seleção do Festival de Cinema de Locarno, levando para Portugal os prêmios do Júri Jovem e Europa Cinemas Label.
“Nação Valente” é o segundo trabalho de Conceição. O longa-metragem reflete sobre o fim do colonialismo português e os traumas do pós-guerra colonial. A trama se passa em dois momentos temporais, já no final da guerra colonial, cruzando duas realidades: a de grupos independentistas, que reclamam os seus territórios, e a de militares portugueses, ancorados ainda aos ideais nacionalistas de defesa da Pátria.
Interessou-me sempre, de um ponto de vista cinematográfico, uma história que se passasse num tempo de guerra e num contexto de uma guerra que nós associamos a uma história muito recente de Portugal”, explicou o diretor em entrevista à agência Lusa.
Para Conceição, o filme não é tanto sobre a Guerra Colonial, é sobre as ideias velhas e os muros que ainda não conseguimos transpor. Conceição vê essa transposição no dia a dia, o diretor acredita que todas as pessoas devem se esforçar para romper as ideias antigas, ultrapassando os preconceitos e limitações, assim, segundo ele, poderemos cessar os efeitos do conservadorismo.
“Em tempos não se falava disto [guerra colonial e colonização), pois os que tinham a herança da culpa, queriam fingir que nada aconteceu. Depois veio uma fase em que os herdeiros das vítimas, dizem que não querem falar do assunto porque é sempre a mesma conversa. A brincar a brincar deixa-se de se abordar temáticas importantes e existe uma acumulação de problemas para resolver. Não fiz o meu filme com esse propósito especifico, para falar do passado colonial e dos seus fantasmas, mas é importante que este gênero de diálogos aconteçam”, disse o diretor em entrevista ao site português C7nema.