A Netflix juntou um elenco de peso com Ryan Reynolds, Jennifer Garner e Mark Ruffalo, para falar de uma história já conhecida e previsível. “O Projeto Adam” vai além do seu estereotipo e traz uma verdadeira mensagem sobre o real significado de família e sobre amadurecimento. É mais um filme que as aparências enganam e que Reynolds consegue manter sua figura de piadista em desenvolvimento pessoal.
A história mostra Adam Reed quando criança após perder o pai, a relação com sua mãe é exemplificada por um jovem prestes a entrar na puberdade, com certa rebeldia e somado a alguns problemas na escola por ser completamente debochado. O que o garoto não esperava, é que em certa noite iria encontrar o seu eu do futuro fugindo de opositores em uma outra linha temporal.
A ficção versa sobre uma trama já conhecida: viagem no tempo e todas as consequências de se mexer na cronologia natural, tal como “O Exterminador do Futuro” e o clássico “No Limite do Amanhã”. O primeiro inclusive é uma referência no novo filme da Netflix, em que Adam admite ter assistido muitos longas.
Na tentativa de driblar a morte de sua esposa, Adam decide viajar no tempo em um projeto feito pelo seu próprio pai quando era vivo. Nessa aventura ele aprende muito mais sobre si mesmo, do que sobre a tecnologia e viagem temporal. Ao abordar isso, a interação do Adam mais velho de Reynolds e o mais novo com Walker Scobell, merece grande destaque, pela dinâmica e ótima química em atuação.
De fato, um dos principais pontos do filme é a parte emocional que a trama envolve os personagens, principalmente no que tange a relação familiar. Ao voltar para o passado, Adam reconhece o quanto foi ingrato com a entrega de sua mãe, ao passar essa informação para a sua versão mais nova, o garoto demonstra um arrependimento com sua ingratidão.
Ainda na questão familiar, o pequeno Adam é capaz de compreender as raízes da raiva que o adulto nutre pelo seu pai, que morreu quando ele era mais novo. Ele percebe que esse sentimento não era nutrido apenas pela ausência do pai e sim por questões internas mal resolvidas, sendo esse o maior plot que o filme apresenta.
No entanto, quando se trata de tecnologia, efeitos especiais e um roteiro ficcional, o filme pode ser considerado fraco. Apresenta uma estrutura eletrônica relativamente simples, por ser uma obra da Netflix era esperado algo mais grandioso nesse âmbito da produção, porém esse não é o ponto alto da história.
O contexto do conflito com a vilã que tenta monopolizar o conhecimento sobre o tempo e o “projeto Adam” é rapidamente desenvolvido e talvez pelo curto tempo de filme (cerca 1h 40 min), tal trama não tem uma grande extensão no enredo, algo que poderia ser mudado devido o potencial da história
A atuação de Jennifer Garner como Ellie Reed, mãe de Adam, merece grande destaque. Mesmo em pouco tempo de tela, a atriz entrega uma personagem profunda, com uma narrativa importante e que expressa a emoção necessária para a construção da história. Sua breve interação com Mark Ruffalo, não só satisfaz os fãs de “De Repente 30”, como integra um bom e sincero relacionamento dos pais de Adam.
Quando se trata do personagem de Ryan, o ator consegue demonstrar um homem engraçado, com um constante desenvolvimento pessoal. Mais uma vez, ele dá vida a uma pessoa debochada, com diversas piadas e comentários sarcásticos. Tal padrão segue em muitos dos personagens do ator, que dessa vez apenas repetiu a fórmula.
A técnica deus ex machina em “O Projeto Adam”
O filme apresenta uma estrutura conhecida na indústria cinematográfica, chamada “deus ex machina”. Quando um acontecimento inesperado, resolve todos os problemas sem explicação eminente e isso se dá principalmente na cena que a esposa de Adam, Laura, retorna do “mundo dos mortos” e salva o personagem de um ataque, repentinamente.
Quando um roteiro apresenta essa técnica algumas vezes, traz ao público uma certa confusão na história, por não encontrar algumas explicações acerca dos desfechos de conflitos. Apesar do filme ser bem espontâneo e claro, esse tipo de cena impede que o longa tenha bons plots twists.
No mais, “O Projeto Adam” entrega uma história instigante, emocionante e que tem uma profundidade no enredo. No que se refere a recursos tecnológicos e a parte ficção, o filme atribui uma produção simples e segue uma história já conhecida. Com atuações marcantes de grandes estrelas, a nova obra da Netflix serve como uma obra inesperada e envolvente.
Nota da autora: