Pode parecer estranho dizer que o filme com a maior arrecadação em bilheteria de todos os tempos é subestimado, mas é o caso de Avatar. Desde que foi lançado em 2009, o filme de James Cameron tem sofrido com uma campanha negativa dos fãs de cinema, alegando que a obra “não tem nada de mais”, ou que é extremamente esquecível; não é, de forma alguma, a minha opinião.
Felizmente, o relançamento do filme em 3D, a alguns meses antes da estreia de Avatar: O Caminho da Água, promete trazer de volta um pouco da magia de Pandora. Com uma belíssima remasterização em 4K, o filme retorna para as salas de cinema e prova porque permanece tão especial desde seu lançamento revolucionário.
A trama segue o fuzileiro naval Jake Sully (Sam Worthington) que é enviado para a lua de Pandora, atualmente sendo colonizada pelos militares americanos. Substituindo seu irmão gêmeo, ele terá sua consciência transportada para uma avatar, corpo que mistura o DNA humano com o dos nativos alienígenas, chamados de Na’vi. À medida em que Jake vai se familiarizando com os nativos, em especial a guerreira Neytiri (Zoe Saldana), sua lealdade vai pendendo para o lado dos Na’vi, colocando toda a operação em risco.
Narrativa simples, técnica revolucionária
A história de Avatar é simples e clássica. Se o épico Titanic era basicamente Romeu e Julieta em meio a um terrível naufrágio, Cameron faz de Avatar um conto bem formulaico do “homem branco” que se encanta com uma cultura estrangeira; como Dança com Lobos, Pocahontas e tantas outras obras do gênero. Porém, os conceitos e ambientações de ficção científica são o que tornam Avatar tão distinto e especial, já que Cameron é um exímio criador de mundos e um contador de histórias profissional como poucos que já pisaram em Hollywood.
Aliada à trama simples e que literalmente qualquer um pode seguir e se identificar, está o grande trunfo de Avatar: a técnica. A experiência de Avatar é muito mais válida pela experiência de entrar em um mundo novo, algo que Cameron faz com tecnologia de ponta: efeitos visuais da geração mais avançada, um design de produção riquíssimo para criar toda a biosfera de Pandora e um trabalho de fotografia absolutamente espetacular de Mauro Fiore; todas as três categorias muito bem reconhecidas com estatuetas do Oscar, por sinal.
E mesmo que o romance central de Jake e Neytiri não traga grandes novidades temáticas, leva o filme para o grande ápice: a batalha final entre os Na’vi e os militares. James Cameron sempre foi um gênio quando o assunto é espetáculo, afinal, estamos falando do diretor de Aliens: O Resgate e O Exterminador do Futuro 2: O Julgamento Final. Quando Jake lidera as tribos Na’vi e todas as criaturas de Pandora para destruir o exército do implacável Coronel Quaritch (o excelente Stephen Lang), Avatar oferece uma das sequências de ação mais impressionantes dos últimos anos, especialmente pela escala gigantesca, a variedade de cores e a absoluta insanidade de alguns elementos. Simplesmente excepcional.
Avatar pode não ser o filme mais inovador em história, mas sua experiência segue tão divertida e envolvente quanto em 2009. Não há nada de diferente na história com a remasterização em 4K, mas retornar à Pandora vale muito a pena, e comprova que no assunto espetáculo não existe Marvel ou DC que chegue aos pés de James Cameron.