Conhecida por interpretar a incrível Hermione, nos filmes de Harry Potter, e agora, por interpretar a Bela, no filme em live-action de “A Bela e A Fera”, a atriz Emma Watson sabe escolher seus papeis e busca sempre inspirar suas fãs. Ah, desculpe, não só suas fãs, como os seus fãs também. Já que tanto homens quanto mulheres pode aprender a amar um livro como a Hermione ou a ter a auto-confiança da Bela.
Em uma entrevista para a revista Entertainment Weekly, Watson falou sobre o papel das mulheres no cinema, e como ela espera que os homens possam superar o preconceito que têm com protagonistas femininas. Afinal, as mulheres se divertem com os filmes, mesmo com elencos majoritariamente masculinos, certamente o contrário também pode dar certo.
Por que os homens têm tanta dificuldade pra se identificar com personagens femininos?
As mulheres têm ganhado seu espaço nas telonas, com filmes como “As Caça-Fantasmas“ e Rogue One, porém, ainda lutam para ganhar o respeito de muitos fãs, que insistem em dizer coisas tipo “mulheres não são engraçadas” ou “mulheres não sabem pilotar naves ou atirar”, perpetuando antigos estereótipos machistas que já deviam ter sido enterrados há tempos.
Emma afirma que isso é, na verdade, apenas uma questão de hábito. As mulheres estão acostumadas a ver protagonistas homens nos filmes, mas o contrário é novidade para o público masculino, que não consegue ver além do gênero das personagens.
“Eles não estão acostumados a isso, e não gostam [da mudança]. Qualquer coisa que difere da regra é difícil de aceitar. Acho que se você está acostumado a ver personagens que tem aparência como a sua, soam como você, pensam como você e de repente aparece alguém na tela e você fala ‘Ei, essa é uma garota. Ela não é como eu. Eu quero que seja como eu, pra que eu possa me projetar nesse personagem’.”
Porém, descartar um personagem feminino porque elas são mulheres, significa essencialmente ser cego às qualidades desse personagem. As meninas devem ser capazes de olhar para o Capitão América e para sua honestidade inabalável, tanto quanto os caras devem ser capazes de se identificar com a Viúva Negra por sua valentia.
Dizer que um personagem não é um exemplo, ou um ícone, só porque não é do gênero masculino é ignorar completamente as características de tal personagem. Independentemente do genero com o qual nos identificamos, somos capazes de ver as qualidades do Capitão América, por exemplo, que é sempre honesto e que luta por seus ideais; ou a Jessica Jones, que escolhe lutar pelo bem de estranhos quando ela podia simplesmente fugir e se salvar.
“As mulheres são muito boas nisso. Vemos quem quer que seja no cinema e reconhecemos suas qualidades, nos identificamos com o homem na tela, não há um distanciamento. Porém, por algum motivo, existe uma barreira que faz os homens dizerem, ‘Não quero me identificar com uma mulher. Não quero, não quero isso.’, o que é, na minha opinião, parte do problema”.
‘Precisamos viver num mundo que idolatra homens e mulheres’
Emma é a embaixadora da campanha #HeforShe (#ElesporElas), das Nações Unidas, que visa encorajar homens a apoiar o feminismo, porque feminismo não é o mesmo que menosprezar os homens. Seguindo a mesma linha de pensamento, colocar mais mulheres nos papeis principais dos filmes não significa que não gostamos mais de personagens masculinos ─ é uma questão de matemática. Se metade do planeta é feminino, por que somente 10% dos filmes de Hollywood tem um elenco equilibrado entre homens e mulheres?
“Se eu perguntasse pra um garotinho que herói ele admira, creio que poucos mencionaram uma heroína, ou nunca falariam de uma mulher, ao contrário das mulheres [em relação a personagens masculinos]. E isso é uma pena, porque eu acredito que devíamos viver num mundo que valoriza, respeita, admira e idolatra mulheres tanto quanto homens. Espero que ─ Eu acho que isso começou a mudar, mas precisamos continuar falando desse assunto”.
“Somos uma pequena porcentagem [de diretoras]. Eu não sei porqu}e, porque quando olhamos pessoas como a Kathryn Bigelow e Ava DuVernay e os filmes que elas dirigem […] Tem a ideia de, “Esse é um filme com explosões e lutas e super-heróis, uma mulher não vai conseguir dirigir esse trabalho, Tem que ser um homem”.
“Você precisa tirar as pessoas de suas zonas de conforto e padrões de vida para que elas possam ver novas possibilidades”.
A Hermione é um Exemplo para Qualquer Pessoa
“A Hermione é um exemplo perfeito da mudança desse preconceito. Ela acha uma forma de utilizar sua inteligência e virar a líder do grupo que tem dois garotos. […] Hermione é que sempre tem um plano, a que está com tudo sob controle. E eu acho que isso, de alguma forma, permitiu que outras mulheres sentissem que merecem seu lugar ao sol. Ela é a cola que mantém o grupo unido. O papel dela é fundamental. E os garotos sabiam…”
Porém, ninguém ficou reclamando que ela estava querendo roubar a cena do Harry e do Rony, não é mesmo? Então, por que não paramos de nos intimidar com o que é diferente e buscamos enxergar o mundo de outra forma? Está mais do que na hora.
Texto Original: MoviePilot